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RODRIGO AMADO+KENT KESSLER+PAAL NILSSEN-LOVE
  • Fecha: 14 fevereiro 2004 / 13 de febrero de 2004
  • Lugar: Teatro Nacional São João
  • Hora: 22:00 horas
  • Asistencia: 120 pessoas aprox. / 120 personas aprox.
  • Componentes:
    Rodrigo Amado – saxofones alto, tenor e barítono
    Kent Kessler – contrabaixo
    Paal Nilssen-Love - bateria


Resenha - Reseña 

Portugués: João Pedro Viegas

Español:João Pedro Viegas - traducción: Diego Sánchez Cascado


  • Resenha: Este concerto de encerramento do ciclo “Spectrum” constituiu o primeiro encontro entre este três grandes improvisadores.

    Pareceu-nos, à partida, excelente a escolha de Rodrigo Amado e Pedro Santos. O decorrer do concerto veio confirmar em absoluto a impressão que tínhamos antes do concerto.

    Kent Kessler e Paal Nilssen-Love são dois dos mais enérgicos músicos do free jazz actual. Kessler e Nilssen-Love, apesar de serem companhia recorrente do grande Ken Vandermark, só por três vezes se tinham encontrado em palco, sempre em “jams” ocasionais e nunca em concertos formais. Acontece que ambos tocam com Vandermark, mas nunca os dois no mesmo projecto.

    Rodrigo Amado tem, nos últimos anos, coleccionado colaborações de grande valia. O seu “L.I.P.” é um projecto aberto onde já couberam personalidades como Ken Filiano, Bobby Bradford, Steve Adams, Joe Giardullo e mais recentemente Paul Dunmall e Dave Kane. Esta paleta de nomes, “de per si”, significa que a música de Amado é hoje reconhecida como válida além fronteiras e que está perfeitamente integrada na cena livre internacional. Neste contexto não foi difícil ao saxofonista reunir duas das mais importantes figuras do novo jazz para este concerto agendado para o Teatro Nacional São João.

    O concerto começa com Amado a tocar sax alto, claramente aquele que mais gostámos de o ouvir tocar. O músico ganha grande expressividade quando toca o instrumento, talvez por ser aquele que toca à mais tempo e estar aí mais à vontade. Provavelmente o tom do instrumento ajudará pois esteve igualmente muito bem no barítono que apresenta tonalidade semelhante ao alto. A expressividade e imaginação da sua música marcam pontos na cena jazz actual. Nunca toca da mesma maneira o que faz com que o seu som se torne distinto e que essa particularidade faça a sua imagem de marca. O facto de afirmarmos que cada concerto do saxofonista é sempre uma surpresa não pode constituir maior elogio para um músico que se dedica a estas músicas à relativamente pouco tempo. É que essa característica só é comum a músicos com carreiras de vários anos e que têm uma experiência acumulada que Rodrigo ainda não tem.

    Kent Kessler foi a força propulsora do conjunto. O seu toque é vigoroso e a sua música arrebatadora. Mistura ao vivo a pose de um punk com a subtileza e técnica de um clássico. Foi ele que deu um impulso decisivo para o estabelecimento das dinâmicas do grupo. Kessler é um músico que toca frequentemente e à vários anos na cena free de Chicago e tem uma experiência enorme neste tipo de ensembles. Não admira que, neste concerto se tenha sentido como peixe na água.

    Paal Nilssen-Love é uma força da natureza. Dos seus pés e mãos saem continuamente avalanches de sons. O seu set, pobre em aparato convencional não é obstáculo a que dele extraia um som cheio e corpulento. Integrou-se muito bem com os outros dois comparsas e acrescentou um toque pessoal à música do conjunto. Ao contrário dos outros dois, que têm as suas ancoras do lado de lá do atlântico, Nilssen-Love é mais influenciado pelo grupo de percussionistas do lado de cá do mar. Parecem-nos forte as influências que músicos como John Stevens e Paul Lytton têm na sua forma de tocar. Alias, participou, juntamente com Frode Gjerstad e Oyvind Storsund no fantástico “Blessing Light” em homenagem ao falecido John Stevens.

    Resumindo, o “Spectrum” acabou em beleza, com um power trio de música improvisada, com forte acento jazzístico, que me parece ter pernas para andar. No final do concerto pudemos testemunhar a satisfação de todos os intervenientes no espectáculo como que a prenunciar novas reuniões, quanto mais não seja para assinalar o lançamento de um disco, gravado ao vivo nesta apresentação. Ficamos à espera.

    João Pedro Viegas


  • Comentario: Este concierto de cierre del ciclo “Spectrum” fue el primer encuentro entre estos tres grandes improvisadores.

    En principio, nos parecía excelente el haber elegido a Rodrigo Amado y Pedro Santos. El desarrollo del concierto nos vino a confirmar totalmente esta impresión.

    Kent Kessler y Paal Nilssen-Love son dos de los músicos más enérgicos del free jazz actual. Kessler y Nilssen-Love, a pesa de acompañar habitualmente al gran Ken Vandermark, sólo habían coincidido en tres ocasiones sobre un escenario, siempre en “jams” ocasiones y nunca en conciertos formales. Ambos tocan con Vandermark, pero nunca en el mismo proyecto.

    En los últimos años, Rodrigo Amado ha coleccionado colaboraciones de gran valía. Su “L.I.P.” es un proyecto abierto en el que ya han participado personalidades como Ken Filiano, Bobby Bradford, Steve Adams, Joe Giardullo y, más recientemente, Paul Dunmall y Dave Kane. Este abanico de nombres, “de por sí”, significa que la música de Amado es hoy reconocida como válida más allá de las fronteras y que está perfectamente integrada en la escena libre internacional. En este contexto, al saxofonista no le fue difícil reunir dos de las más importantes figuras del nuevo jazz para esta concierto celebrado en el Teatro Nacional São João.

    El concierto comenzó con Amado tocando el saxo alto, claramente el que más nos gusta oírle tocar. El música gana una gran expresividad cuando toca este instrumento, tal vez por ser el que practica desde hace más tiempo y al que dedica más empeño. Probablemente, el tono del instrumento ayudara, ya que también estuvo muy bien al barítono, con el que presenta una tonalidad semejante a la del alto. La expresividad e imaginación de su música marcan puntos en la escena actual del jazz. Nunca toca de la misma manera, lo que hace que su sonido sea distinto, y esa particularidad es su imagen de marca. El hecho de que afirmemos que cada concierto del saxofonista es siempre una sorpresa, no puede constituir mayor elogio para un músico que se dedica a estas músicas desde hace relativamente poco tiempo. Porque esta característica sólo es común en músicos con carreras de varios años y que acumulan una experiencia que Rodrigo aún no tiene.

    Kent Kessler fue la fuerza propulsora del conjunto. Su toque es vigoroso y su música arrebatadora. Mezcla en vivo la pose de un punk con la sutileza y técnica de un clásico. Fue él quien dio un impulso decisivo para establecer las dinámicas del grupo. Kessler es un músico que toca frecuentemente y desde hace varios años en la escena free de Chicago y tiene una experiencia enorme en este tipo de conjuntos. No sorprende que en este concierto se sintiera como pez en el agua.

    Paal Nilssen-Love es una fuerza de la naturaleza. De sus pies y manos salen continuamente avalanchas de sonidos. Su set, pobre en elementos convencionales, no es obstáculo para que extraiga de él un sonido pleno y corpulento. Se integró muy bien con sus otros dos compañeros y sumó un toque personal a la música del conjunto. Al contrario que los otros dos, que tienen echada su ancla en la otra orilla del Atlántico, Nilssen-Love está más influido por el grupo de percusionistas de esta orilla del océano. Nos parecen importantes las influencias que músicos como John Stevens y Paul Lytton tienen en su forma de tocar. Además, participó, junto con Frode Gjerstad y Oyvind Storsund en el fantástico “Blessing Light” en homenaje al difunto John Stevens.

    En resumen, el ciclo Spectrum acabó a lo grande, con un “power trío” de música improvisada, de fuerte acento jazzístico, que me parece tener un largo camino por delante. Al final del concierto pudimos comprobar la satisfacción de todos los participantes en este espectáculo, que anunciaron nuevas reuniones, aunque sólo sea para el lanzamiento de un disco, grabado en directo en esta actuación. Estamos a la espera.


    João Pedro Viegas traducción por Diego Sánchez Cascado