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BOBBY HUTCHERSON
  • Data: 21 de novembre de 2003 / 21 de noviembre de 2003
  • Lugar: Grande Auditório da Culturgest, Lisboa, Portugal
  • Hora: 21h30
  • Audiência: ¾ da lotação da sala - tres cuartos de entrada
  • Músicos:
    Bobby Hutcherson: vibrafone / vibráfono
    Rénée Rosnes: piano
    Ray Drummond: contrabaixo / contrabajo
    Joe Farnsworth: bateria / batería

Resenha - Reseña 

Portugués: João Aleluia / Español: traducción:Diego Sánchez Cascado - José Francisco Tapiz


  • Resenha: O encerramento do mini-festival de jazz da Culturgest ficou a cargo do lendário Bobby Hutcherson, mestre incontornável da história jazzística do vibrafone mas que parece vir gradualmente a eclipsar-se, pelo menos no que a aparições discográficas concerne.

    Já distante da “vanguarda”, o que por si não constitui uma novidade se atendermos ao percurso musical que tem vindo a trilhar nos últimos anos, o quarteto liderado por este vibrafonista praticou uma música que em termos estéticos se circunscreve totalmente a parâmetros de raiz clássica.

    Foi então um Hutcherson de alma e coração no “mainstream“ aquele que o público que na passada sexta se deslocou à Culturgest pôde encontrar, um músico longe do devaneio abstraccionista tão característico das suas incursões free na década de 60 e ao qual ficaram associadas obras como “Dialogue” ou “Out to Lunch”, só para citar duas das pérolas mais resplandecentes da sua discografia.

    Não se pense todavia que as suas superlativas qualidades esmoreceram com o passar dos anos. Pelo contrário, neste concerto mostrou porque é ainda uma figura mítica: um domínio instrumental absoluto, uma segurança gestual impressionante, e um fraseado límpido e sinuoso sempre sujeito a fulgurantes irrupções virtuosistas.

    Quanto ao reportório explorado, se exceptuarmos dois temas de andamento pausado e de pendor mais suave, pautou-se na sua essência por composições ritmicamente vincadas e de carácter percussivo, muitas vezes desdobrando-se em leitmotivs que serviam de referência não só no curso das improvisações como também na interligação entre as diversas intervenções solísticas.

    Dos elementos da secção rítmica exemplarmente conduzida por Hutcherson, o destaque vai indubitavelmente para Rénée Rosnes, não somente pelo precioso e eficaz esteio harmónico que constantemente municiou, mas igualmente pelo fraseado insinuante e fértil em ideias, pontualmente reminiscente de McCoy Tyner. Drummond foi de todos o mais discreto mas ainda assim omnipresente, relevando-se a articulação precisa com que ataca as notas e a sonoridade robusta emanada do seu contrabaixo. Joel Farnsworth pareceu-me o mais regular dos quatro músicos em palco, insistindo um pouco em demasia nas mesmas técnicas percussivas, ainda que diligente e cumpridor nas funções que desempenhou.

    Em termos colectivos foi efectivamente um grupo coeso, que não só trazia a lição bem estudada como deixou a impressão de estar já bastante rodado. Tratou-se pois de um concerto de jazz que, embora sem surpresas ou novidades de qualquer espécie, foi pródigo em bons momentos e onde se praticou uma música de agradável fruição que cativou com naturalidade o público presente.

    João Aleluia


    Comentario: El cierre del mini festival de la Culturgest corrió a cargo del legendario Bobby Hutcherson, maestro indiscutible en la historia jazzística del vibráfono, aunque parezca eclipsarse gradualmente, al menos en cuanto a apariciones discográficas se refiere.

    Ya alejado de la “vanguardia”, lo que por sí no es una novedad si atendemos a su recorrido musical de los últimos años, el cuarteto liderado por este vibrafonista tocó una música que, en términos estéticos, se circunscribe totalmente dentro de los parámetros del jazz clásico.

    Así pues, fue un Hutcherson con alma y corazón “mainstream” aquel que el público que se desplazó a la Culturgest se pudo encontrar, un músico alejado de los devaneos abstractos tan característicos de sus incursiones free en la década de los 60 y que tiene asociadas obras como “Dialogue” o “Out to Lunch”, sólo por citar dos de los discos más brillantes de su discografía.

    Que no se piense que sus cualidades superlativas han disminuido con el paso de los años. Al contrario, en este concierto nos mostró por qué es todavía una figura mítica: un dominio instrumental absoluto, una seguridad gestual impresionante y un fraseado limpio y sinuoso siempre sujeto a fulgurantes irrupciones llenas de virtuosismo.

    En cuanto al repertorio explorado, si exceptuamos dos temas pausados y de inclinación más suave, se movió esencialmente por composiciones rítmicamente intrincadas y de carácter percusivo, muchas veces desdoblándose en motivos que servían de referencia, no sólo en el curso de las improvisaciones, sino para enlazar las diversas intervenciones solistas.

    De los miembros de la sección rítmica, ejemplarmente conducida por Hutcherson, destacó indudablemente Rénée Rosnes, no solamente por la preciosa y eficaz base armónica que continuamente aportó, sino igualmente por su fraseo insinuante y fértil en ideas, con reminiscencias puntuales de McCoy Tyner. Drummond fue el más discreto de todos pero aún así omnipresente, pudiéndose advertir la articulación precisa con la que ataca las notas y una sonoridad robusta emanada de su contrabajo. Joel Farnsworth me pareció el más regular de los cuatro músicos sobre el escenario, insistiendo un poco en exceso en las mismas técnicas percusivas, aunque fue diligente y cumplidor en las funciones que desempeñó.

    En términos colectivos fue efectivamente un grupo cohesionado, que no sólo se trajo la lección bien estudiada, sino que también dio la impresión de estar ya bastante rodado. Se trató pues de un buen concierto de jazz que, aunque sin sorpresas o novedades de cualquier tipo, fue pródigo en buenos momentos y dónde se tocó una música muy agradable que cautivó con naturalidad al público presente.

    João Aleluia Traducido por Diego Sánchez Cascado y José Francisco Tapiz