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MARTIAL SOLAL + ORCHESTRE NATIONAL DE JAZZ

Data: 16 de novembre de 2003 / 16 de noviembre de 2003
Lugar: Grande Auditório da Culturgest, Lisboa, Portugal
Hora: 21h30
Audiência: ¾ da lotação da sala - tres cuartos de entrada

Músicos:

  • 1ª Parte:
    • Martial Solal, piano
  • 2ª Parte:
    Orchestre National de Jazz
    • Claude Barthélemy: composição, direcção, guitarra, oud, bouzouki / composición, dirección, guitarra, laúd y buzuki
    • Jean-Luc Landsweerdt: bateria / batería
    • Olivier Lété: baixo eléctrico / bajo eléctrico
    • Vincent Limouzin: percussão, vibrafone / percusión, vibráfono
    • Alexis Thérain: guitarra
    • Didier Ithursarry: acordeão / acordeón
    • Guy Figlionlos, Sébastien Llado: trombones
    • Pascal Benech: trombone baixo / trombón bajo
    • Geoffroy Tamisier, Médéric Collignon: trompetes / trompetas
    • Vincent Mascart, Philippe Lemoine: saxofones / saxofones

Resenha - Reseña 

Portugués: João Aleluia / Español: traducción:Diego Sánchez Cascado - José Francisco Tapiz


  • Resenha:A segunda noite de jazz na Culturgest, integrada no âmbito da já habitual parceria entre esta instituição e o Festival de Jazz de Guimarães, teve a particularidade de apresentar ao público que aí se deslocou duas faces distintas do jazz que se faz actualmente em França. Nesta jornada dupla actuaram o pianista Martial Solal, na primeira parte do espectáculo, e a Orchestre National de Jazz (ONJ), na segunda.

    Solal é um músico que quase dispensa apresentações. Mais de cinco décadas de actividade, um vastíssimo leque de colaborações nas mais variegadas formações musicais, reconhecimento intra e além fronteiras, enfim, uma figura histórica e incontornável do jazz francês.

    Nesta actuação na Culturgest o seu prestígio não saiu minimamente beliscado. Com efeito, para além do pleno domínio técnico e instrumental que constitui uma das suas imagens de marca, o seu desempenho ficou marcado por uma sólida dialéctica de processos alicerçada não só na história/tradição como também no instinto e no acto da criação instantânea.

    Ao longo desta performance, Solal exibiu de forma perfeita alguns dos traços mais relevantes da sua música, como a predilecção pela frase curta, a infinidade de rumos que parece a qualquer momento poder tomar, os cristalinos e inevitáveis glissandi que caracterizam as suas conclusões, e o recurso constante a síncopas, viragens e inversões.

    Extraordinária foi a forma como, paralela e simultaneamente, improvisou sobre os clássicos “Blame It on My Youth” e “Caravan”, alternando a exposição de fragmentos melódicos dos temas originais (o que permitia o seu reconhecimento auditivo) com virtuosísticos e sinuosos improvisos, tudo isto de uma forma desconcertantemente imprevisível. E não se ficou por aqui: mais adiante, no que foi a sua última intervenção antes do encore, não conseguiu resistir à tentação de citar Monk enquanto desconstruía o clássico “I’ve got Rhythm”...

    Em suma, um concerto magnífico, merecendo igualmente uma nota de apreço as excepcionais condições acústicas do auditório da Culturgest, permitindo que o som não necessitasse de qualquer amplificação.

    2ª PARTE

    Na segunda parte, a ONJ não teve engenho e arte para dar seguimento ao nível performativo patenteado por Solal.

    Mas vamos por partes. O primeiro aspecto que me chamou a atenção neste ensemble foi o seu line-up que, se tomarmos em linha de conta o CD editado ainda no decorrer deste ano pela editora ECM – “Charmediterranéan”, apresenta como único ponto comum o trompetista e vocalista Médéric Collignon. Tal revolução deveu-se ao actual líder da orquestra, o guitarrista e compositor Claude Barthélemy, que preferiu apostar em jovens e ainda desconhecidos músicos em detrimento de outros já consagrados que figuram naquele CD da editora germânica, casos de François Jeanneau, Olivier Benoît ou Christophe Marguet.

    Debrucemo-nos então sobre o concerto propriamente dito. Apresentando em palco uma distribuição espacial curiosa e um pouco invulgar (de um lado os trompetistas e trombonistas, no centro Barthélemy e Landsweerdt, e no outro flanco os restantes músicos), o início augurava os piores prenúncios para o que viria a seguir: um som demasiado compacto, protagonismo excessivo do líder, sucessão de pastosas e fastidiosas secções, e pouco espaço para o solo que, quando acontecia, se pautava pela mediania. Se é verdade que nem todos estes indicadores se voltaram a verificar durante o resto da actuação, ficou no entanto a ideia que o trabalho de Barthélemy e da ONJ tem ainda de atravessar alguns patamares evolutivos para atingir outros níveis de consistência. É que se há a reconhecer mérito e competência no arranjo, disciplina e coordenação, outros aspectos houve, para além dos supracitados, que me suscitaram algumas reservas. Por exemplo, não me pareceu bem sucedida a tentativa de quebrar alguma monotonia que se pudesse ter instalado através da opção por repentinos cortes entre secções. Mais ainda, a inclusão de um acordeonista nesta big band, que poderia ter municiado de uma vital e genuína seiva folclórica a música praticada, pareceu-me um equívoco. E, como corolário, os momentos de maior interesse não tiveram a sua génese no tutti orquestral, mas resultaram de intervenções isoladas dos músicos. Nesta ordem de ideias, a primeira nota de relevo vai para Collignon, o mais irreverente e iconoclasta dos presentes em palco, denotando um estilo de certa maneira evocativo de Phil Minton. Depois, e já na derradeira sequência executada pela orquestra, distinguiu-se o duo entre o contrabaixista Nicolas Mahieux e o guitarrista Alexis Thérain pelo nível criativo e comunicativo alcançado. Posteriormente, e dentro desta mesma sequência, evidenciou-se o intercâmbio ideológico estabelecido entre Barthélemy (trocando aqui a sua guitarra pela oud) e o trompetista Geoffroy Tamisier (atenção à sua prestação no grupo Mukta de Brigitte Menon), transportando-nos para um outro universo musical – o da cultura árabe-mourisca.

    Como ressalva última, é de referir que no contexto do jazz francês outros projectos da mesma índole há que me parecem bem mais consistentes e prolíficos que este, tanto na sua essência como no resultado final, ainda que gozando de uma projecção bem mais modesta - será o caso, por exemplo, de Le Sacre du Tympan, liderado por Fred Pallem.

    João Aleluia


    Comentario: La segunda noche de jazz en la Culturgest, integrada en el ámbito de la ya habitual colaboración entre esta institución y el Festival de Jazz de Guimarães, tuvo la particularidad de presentar al público que allí acudió dos caras distintas del jazz que se realiza actualmente en Francia. En esta jornada doble actuaron el pianista Martial Solal en la primera parte y la Orquesta Nacional de Jazz (ONJ) en la segunda.

    Solal es un músico que casi no necesita presentación. Más de cinco décadas de actividad, una vasta cantidad de colaboraciones en las más variadas formaciones, reconocimiento dentro y fuera de las fronteras, en fin, una figura histórica e indiscutible del jazz francés.

    En esta actuación en la Culturgest su prestigio no quedó en absoluto en entredicho. En efecto, mostró el dominio técnico e instrumental que constituye una de sus características, sus evoluciones estuvieron marcadas por una sólida dialéctica de procesos cimentados tanto en la historia/tradición como en el instinto y el acto de la creación instantánea.

    A lo largo de esta actuación, Solal exhibió de forma perfecta algunas de las características más relevantes de su música como son su predilección por las frases cortas, la infinidad de rumbos que parece que en cualquier momento puede tomar, los glissandos cristalinos e inevitables que caracterizan sus conclusiones y el recurso constante de las síncopas, virajes e inversiones.

    Extraordinaria fue la forma en que, paralela y simultáneamente, improvisó sobre los clásicos “Blame It on My Youth” y “Caravan”, alternando la exposición de fragmentos melódicos de los temas originales (lo que permitía su reconocimiento auditivo) con improvisaciones virtuosas y sinuosas, todo ello de una forma desconcertantemente imprevisible. Y no se quedó aquí: más adelante, en la que fue su última intervención antes de los bises, no supo resistirse a la tentación de citar a Monk mientras deconstruía el clásico “I’ve got Rhythm”...

    En definitiva un concierto magnífico, mereciendo igualmente una nota de atención las excepcionales condiciones acústicas del auditorio de la Culturgest al permitir que el sonido no necesitase de amplificación alguna.

    2ª PARTE

    En la segunda parte, la ONJ no tuvo ni el ingenio ni el arte para continuar con el nivel de ejecución mostrado por Solal.

    Pero, vayamos por partes. El primer aspecto que me llamó la atención de este conjunto fue su formación, que comparada con la del CD editado este año por ECM –“Charmediterranéan”-, presenta como único punto en común al cantante y trompetista Médéric Collignon. Tal revolución se debe a que el líder actual de la orquesta, el guitarrista y compositor Claude Barthélemy ha preferido apostar por jóvenes casi desconocidos en detrimento de otros ya consagrados que figuran en el compacto del sello alemán, como son los casos de François Jeanneau, Olivier Benoît o Christophe Marguet.

    Hablemos ahora del concierto propiamente dicho. Situados sobre el escenario con una distribución espacial curiosa y poco habitual (a un lado las trompetas y trombones, en el centro Barthélemy y Landsweerdt y, al otro lado, los músicos restantes), el inicio auguró los peores presagios para lo que vino a continuación: un sonido demasiado compacto, protagonismo excesivo del líder, sucesión de secciones pastosas y fastidiosas y poco espacio para los solos, que cuando tenían lugar, sólo alcanzaban la medianía. Si es cierto que ninguno de estos aspectos se reprodujeron durante el resto de la actuación, quedó la idea de que el trabajo de Barthélemy y la ONJ tiene que atravesar por una fase de evolución para alcanzar otros niveles de consistencia. Hay que reconocer el mérito y la competencia de los arreglos, la disciplina y coordinación frente a otros aspectos que me suscitaron algunas reservas. Por ejemplo, no me pareció bien resuelto el intento de quebrar la monotonía que se pudiese dar a través de la opción de efectuar cortes repentinos entre las secciones. Asimismo, la presencia de un acordeonista, que podría servir para incluir de un toque vital y folclórico en esta big band, me parece una equivocación. A consecuencia de ello, los momentos de mayor interés no tuvieron su origen en los tutti orquestales sino en las intervenciones aisladas de los músicos. Desde este punto de vista, la nota más alta fue para Collignon, el más irreverente e iconoclasta de los músicos sobre el escenario, haciendo gala de un estilo que, en cierto modo, evoca a Phil Minton. En segundo lugar, y ya en la última parte ejecutada por la orquesta, destacó entre todos el dúo entre el contrabajista Nicolas Mahieux y el guitarrista Alexis Thérain por el nivel creativo y comunicativo alcanzado. Posteriormente, y dentro de esta misma secuencia, sobresalió el intercambio de ideas entre Barthélemy (cambiando su guitarra por el laúd) y el trompetista Geoffroy Tamisier (atención a su prestación en el grupo Mukta de Brigitte Menon), llevándonos a otro universo, el de la cultura árabe.

    Como apunte final, he de señalar que, en el contexto del jazz francés, hay otros proyectos de la misma índole que son mucho más consistentes y prolíficos que éste, tanto en su esencia como en el resultado final, aunque tienen una proyección mucho más bien modesta, caso por ejemplo de Le Sacre du Tympan, liderado por Fred Pallem.


    João Aleluia Traducido por Diego Sánchez Cascado y José Francisco Tapiz