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JAN GARBAREK GROUP

  • Lugar: Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, Lisboa, Portugal
  • Fecha: 14 de Maio de 2004
  • Hora: 21:00 horas
  • Asistencia / Lotação: Cheio / Lleno
  • Músicos:
    Jan Garbarek: sax tenor e soprano / saxos tenor y soprano
    Eberhard Weber: contrabaixo / contrabajo
    Rainer Brüninghaus: piano, teclados / piano, teclados
    Marilyn Mazur: percussão / percusión
     

Resenha - Reseña 

Portugués: João Aleluia

Español: João Aleluia - traducción: Diego Sánchez Cascado DISPONIBLE EN BREVE

  • ResenhaDevo confessar que foi sem grandes expectativas que abordei este concerto do Jan Garbarek Group. Não por duvidar das qualidades dos músicos integrantes desta formação, que estão indubitavelmente acima de qualquer suspeita, mas por uma dialéctica de conforto e adormecimento que indelevelmente subjaz a este grupo.

    Sublinho uma vez mais e para que não subsistam dúvidas, embora correndo o risco de ser redundante, que não coloco em causa o mérito que se reconhece aos quatro vértices deste quadrilátero, até porque, com o correr dos anos, alguns dos seus discos continuam a merecer a minha mais devota veneração. Mas não posso deixar de manifestar as reservas que me suscita o período de estagnação criativa que presentemente estes músicos atravessam, em particular a figura do seu líder.

    É que, não obstante o carácter híbrido inerente à abordagem conceptual deste grupo, uma vez que cruzando uma série de referências musicais sem que nenhuma se sobreponha em particular, tal não se tem prefigurado como uma base para a exploração de um vastíssimo espectro de possibilidades que se podem abrir, estreitando-se a uma orientação estética precisa e monolítica. Se neste concerto esta formação evidenciou, por um lado, os automatismos próprios de uma banda já bastante rodada (o que nem é de admirar, se atendermos a que dá uma média de 80 a 100 concertos por ano), por outro, também não se sentiu um especial fluir de ideias que pudesse resultar desta duradoira cumplicidade musical.

    Garbarek, sem dúvida com o intuito de conferir algum efeito surpresa à performance (!), ainda prometeu apresentar material não editado, e que de facto fez alternar com alguns dos seus “greatest hits”, como “Twelve Moons” ou “Brother Wind March”. Mas diga-se, em abono da verdade, que soou a mais do mesmo... Ainda assim, não me pareceu uma abordagem tão glacial quanto os CD’s editados por este grupo deixam transparecer, quem sabe se por influência das temperaturas quase estivais que se fizeram sentir nesse dia na capital portuguesa...

    Em termos individuais, as notas de maior relevo vão para os solos de Eberhard Weber, ao nível da sua obra-prima “Pendulum”, e de Marilyn Mazur, particularmente interessante sempre que extraía do seu kit percussivo uma míriade de cintilantes sons, mostrando ser uma percussionista de poderosos recursos técnicos.

    Quanto a Rainer Brüninghaus, cuja postura granítica e de quase impassibilidade não passou despercebida, preferiu os keyboards em detrimento do piano durante grande parte da sua actuação, tendo sido o principal artífice de uma certa estratégia de saponificação da massa sonora resultante.

    Em jeito de conclusão, não tendo este concerto entusiasmado especialmente o autor destas linhas, o que é certo é que o público que por completo encheu o grande auditório do CCB nunca deixou de aplaudir de forma entusiasta e ruidosa Jan Garbarek e seus pares, sendo brindado no final com o que foi uma bem simpática versão de “Hasta Siempre”... Este acabou por ser, curiosamente, o momento mais alto da noite.

    João Aleluia