>> VOLVER A TOMAJAZZ

 
 

 

   

PAUL CRAM ORCHESTRA

Sexta Jornada del Festival "Jazz em Agosto" 2004.


  • Fecha: 8 Agosto 2004

  • Lugar: Fundación Calouste Gulbenkian, Lisboa

  • Hora: 21:30 horas
  • Componentes:
    Paul Cram – compositor, arranjador, saxofone tenor e clarinete - compositor, arreglista, saxo tenor y clarinete
    Don Palmer – saxofone alto, soprano e flauta - saxos alto y soprano, flauta
    John Scott – violoncelo - violonchelo
    Jeff Reilly – clarinete baixo e clarinete - clarinete bajo y clarinete
    Rick Waychesko – trompete - trompeta
    Tom Walsh – trombone - trombón
    Steven Naylor – piano e sintetizador- piano y sintetizador
    John Gzowski – guitarra eléctrica - guitarra eléctrica
    Alan Baculis – baixo eléctrico - bajo eléctrico
    David Burton - bateria


    Resenha - Reseña 

    Portugués: João Pedro Viegas

    Español: João Pedro Viegas - traducción: Diego Sánchez Cascado


Resenha É justo dizer que entrei neste concerto de encerramento do “Jazz em Agosto 2004” já com o concerto a decorrer à, pelo menos, meia hora. Assim, todas as considerações que me apresto a escrever estão condicionadas por este facto e, como tal, peço antecipadamente desculpa por alguma omissão que torne injustas algumas das apreciações que farei.

Posta esta questão em pratos limpos, vamos às considerações.

Este saxofonista, clarinetista, compositor e arranjador canadiano, que surge vindo das entranhas da “Now Orchestra”, apresentou ao público de Lisboa uma música complexa, muito escrita, aqui e ali quase sinfónica que denota um trabalho apuradíssimo de composição e arranjo. A música de Paul Cram tem uma componente orquestral muito acentuada, que gera ambiencias muito diferentes. É uma música que sugere muitos caminhos e influencias - da música erudita contemporânea, desde as composições de Stockausen até ao trabalho de Stravinsky , passando pela música feita pelos compositores de jazz europeu e, claro, da grande música negra que está ali ao lado de sua casa, nos Estados Unidos da América.

É nesta grande panela que Cram cozinha a sua música, que condimenta com um trabalho de direcção partilhado com os sopradores da sua orquestra/decateto. De facto, a novidade mais assinalável desta apresentação foi ver, ao mesmo tempo, vários músicos a dirigir o ensemble. Neste trabalho, Cram teve a colaboração do trombonista Tom Walsh (que dirigia a guitarra e o baixo electrico) para a parte esquerda do palco e do clarinetista Jeff Reilly para a parte direita (dirigia o saxofone alto e o trompete), enquanto Paul Cram se ocupava estritamente das dinâmicas da música de grupo.

Foi, por sinal, o clarinetista Jeff Reilly que mais me impressionou como instrumentista, assinando, no clarinete baixo, momentos importantes, sobretudo na composição “B flat Restaurant”, em que arranca um solo de uma carga lírica muito grande. É ele alias que faz as despesas melódicas de toda a composição, fazendo o seu instrumento, a determinada altura, tocar mais de uma nota em simultâneo. Impressionante. Esta composição, executada em tempo lento, é uma peça sedutora, em que a orquestra sugere visões bucólicas que convidam ao relaxe e à contemplação.

A verdade é que este concerto, aos meus olhos e ouvidos, foi essencialmente um concerto de momentos, alguns de inegável sentido estético, e outros menos bons e até aborrecidos. Exemplo do que afirmo é o tema, “épico” segundo as palavras de Paul Cram, “Trouble in Paradise”, situado algures entre o jazz e a musica contemporânea, que começa muito bem, com pujança e balanço e que, à medida que a composição avança, se torna maçador e algo previsível. Cram é, neste tema, o exemplo acabado do que acabei de dizer. No seu espaço para solar, começa totalmente afastado do ensemble, para depois ir corrigindo e acabar muito bem, mostrando criatividade e bom gosto a tocar o saxofone tenor.

Ao apresentar os músicos, Paul Cram faz notar que a cena canadiana não está, toda ela, situada em Vancôver e que, muitos dos músicos que o acompanham vivem e trabalham em Nova Escócia. Tal como ele.

A ultima peça do concerto é o exemplo daquilo que foi a totalidade daquilo que vi. Um excelente trabalho de composição, bem estruturado e arranjado, mas a que falta espontaneidade e risco. Os momentos improvisados são poucos, o que de alguma maneira torna a música apresentada previsível e, aqui e ali, algo monótona. A acabar ainda ensaiam uma animada polka que faz lembrar, salvaguardando as devidas diferenças, alguns exercícios estilísticos do Holandês Willem Breuker.

João Pedro Viegas


Comentario Es de justicia decir que llegué a este concierto que cerraba “Jazz em Agosto 2004” una vez que se había iniciado desde hacía, al menos, media hora. Así, todas las consideraciones que voy a escribir a continuación están condicionadas por este hecho y, por ello, pido disculpas por alguna omisión que vuelva injustas algunas de las apreciaciones que haré.

Tras dejar esto en claro, vayamos con las consideraciones.

Este saxofonista, clarinetista, compositor y arreglista canadiense, que surge de las entrañas de la Now Orchestra, presentó al público de Lisboa una música compleja, muy escrita y, por momentos, casi sinfónica que denota un enorme trabajo de composición y arreglos. La música de Paul Cram tiene un componente orquestal muy acentuado, que genera ambientes muy diferentes. Es una música que sugiere muchos caminos e influencias: de la música erudita contemporánea, desde las composiciones de Stockhausen a la obra de Stravinsky, pasando por la música realizada por los compositores de jazz europeo y, claro está, de la gran música negra que está ahí al lado de su casa, en los Estados Unidos de América.

En este gran puchero Cram cocina su música, que condimenta con una labor de dirección que comparte con los sopladores de su orquesta. En realidad, la novedad más destacada de este concierto fue ver a varios músicos dirigir la formación al mismo tiempo. En esta labor, Cram tuvo la colaboración del trombonista Tom Walsh (que dirigía a la guitarra y al bajo eléctrico) en el lado izquierdo del escenario, y del clarinetista Jeff Reilly en el lado derecho (dirigía al saxo alto y a la trompeta), mientras que Paul Cram se ocupaba de las dinámicas de la música del grupo.

El clarinetista Jeff Reilly fue el que más me impresionó como instrumentista, firmando con el clarinete bajo momentos importantes, sobre todo en la composición “B Flat Restaurant”, en la que realizó un solo con una carga lírica muy grande. Y además se encargó de la parte melódica de toda la composición, haciendo que su instrumento llegase a tocar en algún momento más de una nota a la vez. Impresionante. Esta composición, tocada a tempo lento, es una pieza seductora en la que la orquesta sugiere visiones bucólicas que invitan a la relajación y a la contemplación.

Lo cierto es que este concierto, según lo que vi y oí, fue esencialmente una prestación de momentos, algunos de indudable sentido estético, y otros menos buenos y hasta horribles. Ejemplo de lo que afirmo fue el tema “épico”, según las palabras de Paul Cram, “Trouble in Paradise”,a medio camino entre el jazz y la música contemporánea, que comenzó muy bien, con empuje y equilibrio y que, a medida que la composición avanzó, se volvió fastidioso y previsible. En este tema, Cram fue el perfecto ejemplo de lo que acabo de decir. En su espacio para realizar el solo, comenzó totalmente alejado del conjunto para ir corrigiéndose y terminar muy bien, mostrando creatividad y buen gusto para tocar el saxo tenor.

Al presentar a los músicos, Paul Cram señaló que la escena canadiense no está toda ella establecida en Vancouver y que muchos de los músicos que lo acompañan viven y trabajan en Nueva Escocia, al igual que él.
La última pieza del concierto fue un ejemplo de la totalidad de lo que pude ver. Un excelente trabajo de composición, bien estructurado y arreglado, pero al que faltaba espontaneidad y riesgo. Los momentos improvisados fueron pocos, lo que de alguna manera hacía que la música fuera previsible y, en algunos instantes, algo monótona. Al acabar atacaron una animada polka que recordó, salvando las distancias, algunos ejercicios estilísticos del holandés Willem Breuker.

João Pedro Viegas traducción por Diego Sánchez Cascado