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ANDREW HILL SEXTET

Seixal Jazz 2003 - 7ª edición


Data: 1 de novembre de 2003 / 1 de noviembre de 2003
Lugar: Auditório Municipal - Fórum Cultural do Seixal. Seixal, Portugal
Hora: 23h30 (2º set)
Audiência: 300 pessoas

Músicos:

  • Andrew Hill – piano
  • Greg Tardy – saxofone tenor
  • Ron Horton – trompete
  • Jason Yarde – saxofones alto e soprano
  • John Herbert – contrabaixo
  • Nasheet Waits – bateria

Resenha - Reseña 

Portugués: Eduardo Jorge Chagas / Español: traducción: Diego Sánchez Cascado DISPONIBLE EN BREVE


  • Resenha: Foi anunciado por Paulo Gil, em voz-off, a abrir o concerto: Andrew Hill e o seu sexteto, um «New Point of Departure».

    Estava assim lançado o desafio sob a forma de três preposições, ou, se se quiser, de três apostas numa só: uma alusão ao significado que encerra a denominação «Point of Departure», título do álbum homónimo do pianista, publicado pela Blue Note em 1964 e que definitivamente antecipou a inclusão de Andrew Hill no Panteão do Jazz; outra, que pretenderia simbolizar o renascer do espírito daquele projecto, na forma e conteúdo; e outra ainda, que se poderia ligar à ampliada e renovada formação que se apresentou no palco do Seixal na noite de Sábado, 1 de Novembro de 2003.

    Sem prejuízo de globalmente terem sido ganhas todas aquelas apostas, no concerto que encerrou mais uma excelente edição do «Seixal Jazz – Festival Internacional de Jazz do Seixal/2003», um dos aspectos mais interessantes de seguir foi talvez o produto da diferença, na forma e conteúdo, entre aqueles dois Pontos de Partida, o “velho” e o “novo”.

    Na sessão de Sábado, Hill apresentou um combo com formação idêntica à do muito aclamado álbum «Dusk» – um dos melhores do ano de 2000, segundo a crítica – que incluiu Greg Tardy em sax tenor, Jason Yarde, saxofones soprano e alto, John Herbert contrabaixo e, reincidente neste festival, o baterista Nasheet Waits.

    Em palco, e à medida que a música fluía, aconteceu o que se esperava: diante do público um Andrew Hill em bom nível, como pianista, compositor, arranjador e líder de uma formação que toca jazz progressivo no sentido mais profundo e amplo do termo, que ultrapassa barreiras estilísticas e consegue surpreender o ouvinte a cada passagem, ora num registo mais conforme com o que vem escrito na partitura, ora em estado de maior liberdade improvisacional.

    Hill, tal como tinha acontecido há uns anos no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa – onde foi vítima da deficiente acústica da sala para ouvir este tipo de formações – deixou notícia de que continua a fazer música que está para além da nomenclatura dos géneros e subgéneros tipificados, das modas do momento e da rotulagem fácil.

    Percebeu-se uma vez mais que a recorrente associação do seu nome ao do mestre Monk é ajustada, sobretudo no que toca ao estilo de execução (alguém um dia lhe chamou “Monk com asas”) e à forma de composição, com predomínio para a fórmula que ao longo dos anos provou ser eficaz, recondutível à ideia de que quanto mais simples, melhor.

    É da vida: fazer simples, as mais das vezes, revela-se muito complexo. E isso ficou patente no trabalho do pianista, ao conseguir fazer soar o sexteto como se de um grupo mais alargado se tratasse. Neste aspecto particular o mérito vai para a qualidade dos arranjos, que ora moldavam a música e a rematavam em acabamentos de fino recorte, ora lhe conferiam a qualidade de obra aberta ou inacabada, ambas características da música de Hill, do “velho” e do “novo” «Point of Departure».

    Individualmente, cabe referir que nem todos os músicos se mostraram ao mesmo nível técnico e artístico. Da esquerda para a direita e da frente para trás, Greg Tardy, sax tenor, pareceu?me algo sonolento e vagaroso no descolar, embora certinho e sem se deixar ficar para trás. Ron Horton, trompete, não aqueceu nem arrefeceu; conferiu alguma cor ao conjunto, possuidor que é de um som nítido, embora algo indistinto e sem brilho quando solou.

    Jason Yarde, em saxes soprano e alto, fez a diferença na linha da frente. Tocou a tempo inteiro com a garra e a vivacidade que faltaram aos outros sopradores, seguro tanto no desenhar dos uníssonos como na actividade de rasgar pano enquanto solista, a revelar atrevimento, solidez e entusiasmo que chegavam para todos. Por isso foi digno das maiores ovações da noite. Ao mesmo nível criativo estiveram as actuações impecáveis do contrabaixista John Herbert e do baterista Nasheet Waits, este último o único músico a quem, coincidência ou não, coube abrir e encerrar o Festival.

    Tudo está bem quando acaba bem. Final feliz para mais uma edição do Festival de Jazz do Seixal. E para o ano, haverá continuidade? Em tempos adversos à promoção de bons eventos culturais e mais contrários ainda quando se trata de programar jazz, a resposta do público, que por completo encheu todos os concertos do Festival, pode e deve ser um indicador a ter em conta pela Organização. Que seja até para o ano!

    Eduardo Jorge Chagas


    Comentario:

    Eduardo Jorge Chagas Traducido por Diego Sánchez Cascado