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    TED NASH QUINTET

Seixal Jazz 2003 - 7ª edición


  • Data: 30 de Outubro de 2003 / 30 de octubre de 2003
  • Lugar: Auditório Municipal - Fórum Cultural do Seixal. Seixal, Portugal
  • Hora: 21h30 (1.º Set)
  • Audiência: 300 pessoas

  • Músicos:
    Ted Nash (saxofones tenor e soprano)
    Marcus Printup (trompete)
    Frank Kimbrough (piano)
    Ben Allison (contrabaixo)
    Matt Wilson (bateria)

Resenha - Reseña 

Portugués: Eduardo Jorge Chagas

Español: Eduardo Jorge Chagas - traducción: Diego Sánchez Cascado DISPONIBLE EN BREVE


  • Resenha:  Do terceiro concerto no âmbito do Seixal Jazz 2003, com o Ted Nash Quintet, não se esperavam grandes surpresas. Sabia-se de antemão que Ted Nash e os membros do seu quinteto – um combo em formato tradicional com dois sopros e piano, denominado Still Evolved – não são propriamente músicos que rasguem caminhos novos, se aventurem no desconhecido ou se coloquem fora da corrente principal.

    Aqui o contexto é outro: Nash e colegas trabalham essencialmente sobre a matéria?prima composição, que apuram e transportam a um elevado estatuto de maioridade. Cada peça é um trabalho cuidado de arquitectura, construção e arranjo, que depois é posta à discussão e enriquecida pela improvisação dos participantes, todos eles compositores eméritos e lideres dos seus próprios projectos musicais.

    É o caso, entre outras, das formações Herbie Nichols Project, Ben Ellison Medicine Wheel, Ben Ellison & Seven Arrows, Michael Blake´s Elevated Quartet, Frank Kimbrough Trio ... – projectos que funcionam como laboratórios de pesquisa e investigação, onde se talham as ferramentas para actualização da memória do jazz, através da reciclagem do seu vocabulário.

    O discurso musical do quinteto na noite de ontem partiu em boa medida da premissa de que, no jazz, em matéria de forma, tudo está praticamente inventado; há é que olhar com olhos de hoje para o vasto património histórico-cultural do género e sobre ele reelaborar.

    Assim se constrói um discurso que, sendo classizante na forma – veículo privilegiado para homenagear os mestres do passado – é novo na abordagem, na reutilização sábia dos materiais preexistentes e na incorporação de estilos musicais com os quais o jazz desde longa data privou intimamente, no caso concreto, as formas que lhe vêm do bolero, tango e flamenco, e que parecem ter contaminado positivamente a veia criativa de Nash.

    O primeiro set da noite, baseado exclusivamente em composições do saxofonista, serviu para provar à saciedade duas coisas: 1) a justeza da reputação que Ted Nash construiu no passado recente ao lado de Joe Lovano e de Wynton Marsalis, neste último caso enquanto membro da Lincoln Center Jazz Orchestra; e que 2) definitivamente assumiu a estatura e o competente papel de líder, enquanto saxofonista tenor, compositor e brilhante arranjador.

    Reciclar, reutilizar, revalorizar – Nash tratou de dar cumprimento à chamada lei dos três R´s. O produto mostrou-se sob as vestes de um pós-bop exuberante e plenamente satisfatório, qualquer que seja o ponto de vista pelo qual se analise.

    Individualmente, não há a destacar nomes, sendo certo que todos os membros do quinteto estiveram em excelente forma técnica, artística e criativa, contribuindo para que o palco do Auditório Municipal apresentasse um tão elevado índice de talento por metro quadrado. Cinco figuras, cinco personalidades maiores do jazz actual. E há noites em que o jazz, apesar do seus 100 anos, parece um menino.

    Eduardo Jorge Chagas