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FRANZ HAUTZINGER REGENORCHESTER XI

Quinta Jornada del Festival "Jazz em Agosto" 2004.


  • Fecha: 7 Agosto 2004

  • Lugar: Fundación Calouste Gulbenkian, Lisboa

  • Hora: 21:30 horas
  • Componentes:
    Franz Hautzinger – trompete quartertone – trompeta de cuarto de tono
    Christian Fennesz – electrónica e laptop - electrónica y ordenador portátil
    Karl Ritter – guitarra eléctrica
    Helge Hinteregger - sampler
    Luc Ex – baixo eléctrico - bajo eléctrico
    Alex Deutsch – bateria

    Resenha - Reseña 

    Portugués: João Pedro Viegas

    Español: João Pedro Viegas - traducción: Diego Sánchez Cascado


Resenha Este projecto que Franz Hautzinger trouxe a Lisboa não me parece acabado. Por várias razões. A primeira é que falta direcção ao projecto, e dito isto de um projecto liderado por um professor de direcção de ensemble, composição e arranjo torna-se complexo. Depois, foi notório que mesmo nas partes improvisadas os músicos não se mostraram particularmente inspirados. Contudo foi um espectáculo em que me diverti, muito por culpa da exuberância e dos tiques dos músicos. A um guitarrista atlético, que andou quilómetros em cima do palco, juntou-se um baixista engraçado, que tocava e fazia uns números de “comic dance”.

Quanto à música, pareceu-me logo aos primeiros acordes que Franz Hautzinger é um músico completamente assaltado pelo que fazia Miles Davis, na fase eléctrica. Toca utilizando dois microfones, um de onde sai um som mais ou menos límpido, a soar a Miles e outro onde faz algumas brincadeiras como pôr o micro dentro do trompete para daí soltar sopros abstractos, a fazer lembrar o som dos aviões que não pararam de passar por cima do auditório ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Este segundo microfone estava processado pelo Laptop de Christian Fennesz que retalhava o som do trompetista.

Inicialmente, quer a electrónica quer o sampler de Helge Hinteregger aparecem pouco no som do grupo, que é claramente dominado pela altura com que Luc Ex tocava o seu baixo. O primeiro tema é um ambiental onde se cruzam influências do punk e do rock, anunciando uma música de fusão que dominaria todo o espectáculo. Este tema trouxe um dos poucos momentos relevantes de boa improvisação. Um solo de trompete acompanhado exclusivamente pelo baixo, que me deu esperança de uma noite de boa música.

O trompete de Hautzinger continua a soar ao Miles e os companheiros proporcionam-lhe um tapete sonoro onde se cruzam momentos de funk, rock, reggae, punk, bossa nova e até jazz.

Um dos músicos que mais se fez notar nesta noite foi Alex Deutsch, ou Alexdrum como também é conhecido. Toca num set espartano, unicamente constituído por bombo de pé, tarola, pratos de choque e um prato de ritmo. E é ele que estabelece as direcções rítmicas do grupo, uma vez que Luc Ex toca duma maneira mais anárquica. Pontua o som mas não estabelece cadências. O baterista tem o groove do funk, o que até não admira uma vez que trabalha com George Clinton. Domina várias linguagens musicais, em virtude do seu trabalho como produtor em projectos das mais variadas proveniências.

Luc Ex, baixista que conhecia da sua colaboração com Tom Cora no colectivo “Roof” e com o resto dos comparsas nos “4 Walls”, toca aqui de forma muito diferente. Antes de mais toca eléctrico e com o volume no máximo, com uma afinação estranha que faz sair do instrumento um som arranhado, como se as cordas do seu instrumento estivessem pouco esticadas. Dança e balança muito, numa pose quase cómica e intervém mais como anotador do que como catalisador do som do grupo.

Karl Ritter esteve sempre muito discreto nas intervenções. Dava-se mais por ele por atravessar incessantemente o palco de um lado para o outro do que a tocar. Esteve quase sempre a acompanhar e muito pouco a intervir como solista. Aparece mais nas partes mais funk, utilizando o wha-wha com previsibilidade.

Christian Fennesz é apresentado ao publico de Lisboa como um “assombro” da electrónica. As suas intervenções aumentam com o decorrer do concerto, quer na utilização do computador como instrumento, quer ainda na manipulação do som do trompete de Hautzinger. Esperava eu que as suas intervenções cortassem mais o som do grupo, apontando direcções e cambiando estruturas. Mas não, o seu instrumento foi utilizado unicamente para colorir a massa sonora, acrescentando aqui e ali paisagens mais duras e industriais. A verdade é que fiquei com a sensação que o concerto sem Fennesz seria globalmente muito parecido.

O que foi escrito para Fennesz aplica-se também a Helge Hinteregger, comparsa de longa data do trompetista Austríaco. Pouco interveniente, aparece também mais para o fim do concerto a encher o som do grupo. Estava bastante curioso para o ouvir tocar, pois acumula colaborações com nomes interessantes da musica contemporânea, como Otomo Yoshihide e Wayne Horvitz, mas cedo se percebeu que não ia ter grande preponderância nesta Regenorchester XI de Franz Hautzinger.

Concluindo diria, que é preciso mais que um conjunto de bons executantes para criar uma boa banda. E aqui o que faltou, para além de uma voz própria de Hautzinger, sempre muito colado ao Miles, foram ideias. Salvou-se algum humor, introduzido no espectáculo por Luc Ex, que fez com que não tivesse uma noite aborrecida.


João Pedro Viegas


Comentario Este proyecto que Franz Hautzinger trajo a Lisboa no me parece acabado, por varias razones. La primera es que al proyecto le falta dirección y, decir esto de un proyecto liderado por un profesor de dirección de conjunto, composición y arreglo, es problemático. En segundo lugar, se hizo evidente que, incluso en las partes improvisadas, los músicos no se mostraron especialmente inspirados. Pese a todo, fue un espectáculo en el que me divertí, en gran medida debido a la exuberancia y los tics de los músicos. A un guitarrista atlético que recorrió kilómetros sobre el escenario, se sumó un bajista gracioso que tocaba y realizaba números de baile cómico.

En cuanto a la música, tras los primeros acordes me pareció que Franz Hautzinger es un músico totalmente influido por lo que hacía Miles Davis en su fase eléctrica. Toca utilizando dos micrófonos, uno de donde sale un sonido más o menos limpio, con el que suena a Miles, y otro donde hace algunas curiosidades como colocar un micro dentro de la trompeta para soltar soplos abstractos, que recuerdan el sonido de los aviones que no paraban de sobrevolar el auditorio al aire libre de la Fundación Calouste Gulbenkian. Este segundo micro estaba procesado por el ordenador portátil de Christian Fennesz que modificaba el sonido del trompetista.

Inicialmente, tanto la electrónica como el sampler de Helge Hinteregger aparecieron poco en el sonido del grupo, que estaba claramente dominado por el volumen con el que Luc Ex tocaba su bajo. El primer tema era ambiental y en él se mezclaban influencias del punk y del rock, anunciando una música de fusión que dominaría todo el espectáculo. Este tema ofreció uno de los pocos momentos destacados de buena improvisación. Un solo de trompeta acompañado exclusivamente por el bajo, que me dio esperanzas de disfrutar de una noche de buena música.

La trompeta de Hautzinger siguió sonando a Miles y sus compañeros le proporcionaron un tapiz sonoro en el que se mezclaban momentos de funk, rock, reggae, punk, bossa nova e incluso jazz.

Uno de los músicos que más destacó en la noche fue Alex Deutsch, o Alexdrum”, como también se le conoce. Tocó un set espartano, únicamente constituido por un bombo de pie, tambor, platos y un charles. Fue él quien estableció las dirección rítmicas del grupo, dado que Luc Ex tocó de una manera más anárquica. Puntuó el sonido más que establecer las cadencias. El batería mostró el groove del funk, lo que no resulta sorprendente ya que ha trabajado con George Clinton. Domina varios lenguajes musicales, debido a su labor como productor de proyectos de las más variadas procedencias.

Luc Ex, bajista al que conocía de su colaboración con Tom Cora en el colectivo Roof así como con 4 Walls, tocó aquí de una forma muy diferente. Sobre todo, tocó el bajo eléctrico con el volumen al máximo, con una afinación extraña que hacía que de su instrumento saliese un sonido deslavazado, como si las cuerdas de su bajo estuvieran poco tensas. Bailó y se movió mucho, en una pose casi cómica e intervino más como apuntador que como catalizador del sonido del grupo.

Karl Ritter estuvo siempre muy discreto en sus intervenciones. Se dedicó más a recorrer incesantemente el escenario de un lado a otro que a intervenir como solista. Apareció en las partes más funk, utilizando el wha-wha de una forma previsible.

Christian Fennesz fue presentado al público de Lisboa como un músico “asombroso” de la electrónica. Sus intervenciones aumentaron con el transcurso del concierto, tanto utilizando el ordenador como instrumento como manipulando el sonido de la trompeta de Hautzinger. Yo esperaba que sus intervenciones cortasen más el sonido del conjunto, apuntando direcciones y cambiando estructuras. Pero no, utilizó su instrumento únicamente para dar colorido a la masa sonora, desarrollando de vez en cuando paisajes más duros e industriales. La verdad es que me quedé con la sensación de que el concierto sin Fennesz hubiese sido globalmente muy similar.

Lo dicho para Fennesz también se aplica a Helge Hinteregger, compañero desde hace tiempo del trompetista austriaco. Intervino poco y apareció más hacia el final de la actuación para incrementar el sonido del grupo. Sentía bastante curiosidad por escucharle tocar, ya que ha colaborado con nombres interesantes de la música contemporánea, Otomo Yoshihide y Wayne Horvitz, pero pronto se percibió que no iba a tener una gran preponderancia en esta Regenorchester XI de Franz Hautzinger.

Para terminar diría que hace falta algo más que un conjunto de buenos músicos para formar un buen grupo. Y aquí lo que faltó, además de una voz propia por parte de Hautzinger, siempre muy próximo a Miles, fueron ideas. Se salvó alguna muestra de humor, aportada por Luc Ex, que evitó que no fuese una mala noche.


João Pedro Viegas traducción por Diego Sánchez Cascado